6 de novembro de 2007

Entre Linhas, Cruz e Cateter

ENTRELINHAS

Quantas vidas eu tenha tido.
Quanta vida eu ainda possa ter.

Quero hoje o infinito.
Quero todos os sentidos.
Quero saber os ocultos entre linhas,
Os secretos sentimentos sabidos só por quem os sentiu.

Quero saber o que sinto
E o que faça sentido.
Sendo eu finito,
Quero saber o que sente-se
E o que se há pra sentir
Entre linhas.

Quero hoje sentir-me findo.
Quero, enfim, sentir-me vivo.
Quero sentir a ida e a vinda,
O sentido da vida:
Um sentir-se vazio.


A CRUZ E O CATETER

Deus me colocou
entre a cruz e um cateter.
Não disse nada,
Nem mandou anjos.

Cresci calado
E aos poucos fiz-me poeta.

Desprezei igualmente
Ciência e religião.

O amor pelas palavras
Abracei.

Confesso:
Sou amante do invisível:
nunca da ilusão!

Viajo o mundo num instante
Se fecho os olhos e abro o coração.
Não há ciência nessa viagem,
Nem religião no seu destino.

Lá é simplesmente
onde todos somos anjos
Num sonho de verão.

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