26 de abril de 2006

UMA NOITE

Na noite escura
Vem mais uma vez
Maldita pergunta:
O que estou fazendo aqui, porra?

O absurdo do mundo
Faz-me definhar.
Meu único alívio
Nessa tremenda opressão
É a pena.

Só nela descanso as dores
Deitando tinta
Como quem se deita na cama
E esquece de si em sonhos.
Além da pena
Encontro alívio na cama.

Entre sonhos ou urros
Esqueço-me de mim mesmo
E do mundo.

As noites repetem
Malditas perguntas.
Nada consegue apagá-las
Muito menos respondê-las.
A razão nunca conseguirá.

Só Deus fornece o porquê
Da existência.
Pena nenhuma consegue
Explicar, nem posso eu.

Tento aceitar, em silêncio,
A existência do destino,
O absurdo do mundo
E tudo mais...

Nem sempre consigo.

Só na pena,
O alívio encontro.
Entre alívios e angústias
Vou levando
Minha existência individual
De encontro ao nada.

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