2 de setembro de 2016

O menino Brasil



O Brasil é uma criança triste que dá vontade de embalar até dormir.
É país um país menino de rua, que cativa com um sorriso bonito e depois te assalta.
Uma nação que luta consigo mesma.
Forjada de diferentes metais,
É uma mistura que não aceita a diferença, nem a si mesma.

Enquanto dorme, o Brasil sonha com o futuro.
Mas não lembra o passado e se perde no presente.
Um vira-lata magro que apanha na rua, mas tem fé e diz que Deus é brasileiro.
É uma gente humilde, que sabe o seu lugar,
E uma mão de ferro pra controlar a festa.

O Brasil tem carnaval, muita terra e injustiça até perder de vista.
Tem praia pra alugar, mulata pra namorar
E muita vontade de comprar.
Os portugueses trocaram por uns espelhinhos,
Que deram pros ingleses, pra pagar roupas da moda e os africanos.

Os ingleses perderam por aí, acho que numa guerra, e já nem sei quem é o dono desse país.

Mas deve ter dono, pois sempre tem um segurança na porta que não me deixa entrar no shopping center.

O poeta disse que o Brasil não é para amadores.
Amar à pátria é difícil. Ame-o ou deixe-o.
O país do futebol, onde a vida é uma partida, que perdida, vale menos do que um jogo da seleção.

Quando tarde da noite me lembro do meu país, me sinto como ele, sozinho na rua, esperando o abraço da pátria mãe gentil, debaixo de uma marquise.

Londres, 2016.