20 de julho de 2006

TODOS QUEREM

Todos querem
A musa vaporosa,
Captada nas antenas
De aeroportos no verão.

A sala fica úmida,
O sofá derrete;
A musa pisca
No carpete.

Oh musa,
Teus olhos,
São taças de vinho.

Noite após noite,
A te degustar.
Pé ante pé,
Oh musa,
Venho.

Tua cor
E formas
Só minhas,
De ninguém mais.

Minha, a sua freqüência.

Longe das pistas de dança
E das colméias de luz,
Lá no esconderijo
Do meu desejo,
Faria-te visível,
Oh musa.

Tua carne
Faria fumaça
Para fundir-te comigo
Numa arquitetura de odores
Moles e prazeres,
Oh Vaporosa
Musa.

Poética

Minha poesia
É alquimia:
Cria com o cobre
Do relógio (lento)
O (rápido) ouro nobre.

Minha poesia
Causa disritmia
Com palavras comuns
E combustível
PrA´lma.

Minha poesia
Pode ser agonia,
Ser lamento,
Muitas vezes
Sai gemendo.

Minha poesia
É feitiçaria
Pra elas (por elas)
Em nossos peitos
(em segredo).

18 de julho de 2006

O vento se faz flauta.
O tempo traz de volta.
Correndo pra costa.

Na praia, uma sereia.
Um mapa na areia.
Maias numa aldeia.

Trilha no espaço.
Futuro que não traço.
Utopia faz um laço.

Enfim, um pôr-do-sol.
Um peixe pro anzol
E muito Rock n, Roll.

MENINO DE RUA

Dá uma esmola?
É pra cheirar cola
E respirar solvente.
Quero ficar demente!

Cutuque nossa ferida:
Isso aqui nem ser vida.
Beba o nosso pus...
Não nos dê, mãe, a luz!

Somos crianças pobres,
Temos dentes podres,
Não escolhemos nascer,
Mas pedimos para viver.

Vocês podem não nos ver,
Mas existimos, podes crer!
E essa vida quase morta
Preferimos esquecer.